quarta-feira, fevereiro 16, 2005

Envolvimento Activo. Valerá a pena?

Que vivemos numa sociedade extremamente egoísta, não duvido. Se isso é mau, não sei. Que haja alternativas... tenho sérias dúvidas. Cada um de nós é o centro do seu mundo e tudo aquilo por que nos interessamos é obviamente feito em função do nosso interesse, daquilo que é melhor para nós. Se o comportamento que assumimos envolve acções que visem o bem estar alheio (aquilo a que chamamos altruísmo) elas são obviamente motivadas por aquilo que é um interesse nosso: o sentimento de bem estar. Posto isto, resta saber que forma de egoísmo escolher; e há que escolhê-la sensatamente! Afinal de contas, o que é que é melhor para nós?
É que uma das formas de instanciação mais comuns do egoísmo contemporâneo é uma atitude... estúpida, de seu nome isolamento. Um isolamento que não é extremo, pois que nenhum homem é uma ilha, mas um isolamento que prescreve a quem o adopta um conjunto de comportamentos que visam aquilo que aparentemente é o mais confortável no momento imediato. Ou seja, uma certa alienação cívica. Costuma-se dizer que a nossa geração sofre do problema de nunca ter tido que lidar com nenhum problema grave, nenhum problema sério. Que nunca tivemos guerras nem grandes depressões que nos preocupassem seriamente e que por isso muitos de nós se dispersaram em pequenas pseudo causas, desesperados à procura de algo pelo qual pudéssemos lutar. Talvez isto seja a verdade, mas a situação, tal como se me afigura... é a contrária. Parece-me que essa falta de preocupação séria nos levou a comportarmo-nos como se efectivamente valesse pouco a pena estarmos preocupados com algo mais do que o grupo restrito em que vivemos. Parece-me que o cidadão médio tem poucas preocupações para lá do seu emprego-família-grupo-de-amigos. Isto até pode ser uma decisão legítima, e é-o efectivamente! Mas será mesmo isto o melhor? Não terá a pessoa que faz isto as vistas um pouco curtas? Então não existem grandes questões do nosso tempo? (Para os meus amigos da philosophia perennis concedo: existem questão (quase) intemporais. Mas não são as únicas.) Terá o termo engagé perdido todo o seu significado? Incomoda-me esta indiferença, e penso que a longo prazo poderá ter consequências terríveis. Já acordávamos!

1 Comments:

Blogger FEBC said...

A mão invisivel de Adam Smith, controlaria que o egoísmo de cada um se tornasse num bem geral. Essa tese foi corrigida por Jonh Nash, que apresenta o egoísmo necessáriamente associado a uma preocupação com o bem comum, para que realmente possa existir um desenvolvimento. O isolamento afasta-nos da noção de bem comum, podendo impedir que se vislumbre as verdadeiras necessidades da sociedade que nos rodeia. Daí que o egoismo possa ser consequencia de si mesmo.
O conhecimento é a única forma de convergir para o bem estar!

17/2/05 12:34 da manhã  

Enviar um comentário

<< Home