terça-feira, outubro 04, 2005

Filosofia da Acção

Se não serve para ajudar a decidir o que é melhor, então para que serve a Filosofia? Bem, em príncipio... não tem que servir para nada. É a menos necessária, e por isso mesmo a melhor (porque não tem o seu fim em nada mais do que si própria) diz Aristóteles a respeito da metafísica. No entanto, a hipótese de uma sabedoria meramente contemplativa parece-me posta de parte. Não é que a contemplação não cause prazer. Oh, meu Deus (tu que és uma interjeição com maiúscula) se dá! Os momentos de discernimento intelectual supostamente desafectado são dos maiores prazeres que alguém pode ter. No entanto, será isso suficiente? Fará isso sentido?

Por vezes, queremos crer que sim. Caso não seja possível, então como legitimar a actividade desempenhada (e por vezes remunerada) por um dos maiores grupos de inúteis da sociedade? É que nós não sabemos fazer nada. Solução para isto? A Ética. Tenho um professor que ao falar do círculo hermenêutico, advogou que teoria e prática são dois campos distintos. Discernir eticamente (ou filosoficamente) sobre o bem não é o mesmo que agir bem. E discernir sobre o bem é necessário. No entanto, esse discernimento (bem como toda a teoria em geral) torna-se um luxo, algo de supérfluo se não se voltar à acção, aplicando-lhe aquilo que se aprendeu na teoria. Assim, a investigação faz sentido. Discernimos porque queremos agir bem. Discernimos porque queremos ser melhores. Valha-nos a ética. Se não for ela a solução, então parece-me que somos mesmo vegetais.