Obrigado
É uma entidade estranha, o sonho. Por definição, é algo de intangível. É algo que nos escapa, mas que no entanto sentimos como nosso. Como o de mais nosso. Por vezes, tão nosso... que a nossa própria identidade projectada no futuro dele depende. Sonhamos com aquilo que achamos que merecemos. Sonhamos com a completude.
E é doce sonhar. Tão doce...
Mas é porque sonhamos que nos decepcionamos. Quando aquela tal identidade futura projectada pelo sonho cai (quando nos apercebemos que ele não se realiza) é como se o próprio mundo nos fugisse. A queda não costuma ser agradável. Quando caímos, desejamos nunca ter sonhado. Se tivéssemos ficado rasos ao chão, não teríamos caído. No entanto, uma vida constantemente presa à rasa mediocridade do chão, deve ser a pior vida de todas. No final de contas, quando passa a dor da queda, acabamos por olhar para trás e gostar de ter sonhado.
E assim, quero agradecer-te por me teres feito sonhar. Não foi voluntário, bem o sei. Mas valeu a pena. Agora que estamos mais afastados, por decisão minha, estou à vontade para sorrir pelo que aconteceu e não aconteceu... e sobretudo pela experiência do sonho. "O amor é tão ilusório que chega a redimir a existência". E redimiu. Por isso, obrigado. I say farewell...
E é doce sonhar. Tão doce...
Mas é porque sonhamos que nos decepcionamos. Quando aquela tal identidade futura projectada pelo sonho cai (quando nos apercebemos que ele não se realiza) é como se o próprio mundo nos fugisse. A queda não costuma ser agradável. Quando caímos, desejamos nunca ter sonhado. Se tivéssemos ficado rasos ao chão, não teríamos caído. No entanto, uma vida constantemente presa à rasa mediocridade do chão, deve ser a pior vida de todas. No final de contas, quando passa a dor da queda, acabamos por olhar para trás e gostar de ter sonhado.
E assim, quero agradecer-te por me teres feito sonhar. Não foi voluntário, bem o sei. Mas valeu a pena. Agora que estamos mais afastados, por decisão minha, estou à vontade para sorrir pelo que aconteceu e não aconteceu... e sobretudo pela experiência do sonho. "O amor é tão ilusório que chega a redimir a existência". E redimiu. Por isso, obrigado. I say farewell...
3 Comments:
o melhor é que não te arrependes por deixar escapar o sonho a possibilidade de ser diferente. a hipotese de dizers, sim, estou e sou , serei num finito devir, feliz. é estranha a posição do autor. rara. quando se sonha, ama-se. quere-se. e a posse é a condição para a beatitude. para o pleno, pelo menos num determinado espaço de tempo. mas a posse do que se ama com a dimensão total do nosso ser, se é que isso existe, é a nossa vida. o nosso sentido de execução vital. parece-me a mim que a miragem, o sonho ou a mera possiblidade, tal como o "obrigado" de que falou o autor, é muito pouco.
Bem, antes de mais... se eu sou "o autor", qual "o Filósofo" nas palavras de Aquino quando se quer referir a Aristóteles, então tu no mínimo terás que ser... "o Comentador", para parafrasear o mesmo Aquino quando se quer referir ao comentador árabe d'"O Filósofo" (agora se era Averróis ou Avicena... não me lembro)
Muito obrigado pelo comentário inteligente, sr Comentador. De facto, a objecção é pertinente. Parece ser pouco, um sonho e um obrigado. Pode até parecer ridículo que se agradeça quando se obtém tão pouco. Mas não é. De facto, a experiência do sonho não é, de todo, tão etérea. É etérea aquando do confronto com a realidade, é certo. Mas este momento ulterior não nega a vivência anterior. E a vivência do sonho pode ser tudo. Ainda que ilusória, pode redimir a existência. (Redimiu, ainda que momentaneamente, neste caso. E por isso agradeci.)
De facto, quando se sonha não há posse efectiva da coisa. Assim sendo, não há completude. Mas a projecção dessa completude reifica-se, através da esperança, na posse ideal da mesma. É certo que esta é uma perfeição manca, porque não existe perfeição que não esteja em acto... mas acredita que a minha satisfação auto-induzida pela experiência ilusória do sonho é algo de bem actual.
Qual seria a forma de dar a volta a isto e obter algo mais? Bem, obviamente levar o projecto à sua perfeição de ser: concretizá-lo. Tornar o sonho verdadeiramente real, de tal forma que já não seria preciso sonhar-se para se ter. Escusado será no entanto dizer que a concretização plena não é propriamente possível. Existem flashes, sim. Mas a estrutura do desejo leva-nos para o constante sistema de reenvios que bem conheces. Assim, aquando da aquisição desta realidade outrora sonhada, ela fixar-se-ia e provavelmente tenderia a perder o brilho. O desejo, esse seguiria para outras paragens e... quando não concretizado, voltaria a reificar-se em sonho. Parece-me que o sonho é uma realidade que não pode ser escamoteada da nossa vivência. Ele move-nos menos que o desejo, mas dá-nos prazer. Um prazer egoísta e até um pouco autista, eu sei. É algo que cai quando a realidade bate à porta. Mas reitero: é tão bom...
sr. livre pensador, sobre a possibiliade idilica no amor, e a mera quimera por favor conferir "in Vino Veritas" de soren kierkegaard, na antigona. discurso do jovem. alias toda a grande parte da filosofia de kierkegaard reflecte mesmo a compreensão do sonho como uma paragem distante e simultanemaente tão proxima, quando levado ao determinado nivél. se pretendemos ou não a transposição da potencia para acto. do eu aqui para o ser ái efectivo. não sei se é pertinente e correcta esta observação, mas ainda não estudei heiddegger, e pouco sei de platão. contudo creio que quando se sonha, esta-se na plena posse da coisa enquanto instanciada no mundo a que diz respeito: á terra dos sonhos! o problema é precisamente, quando determinas para ti mesmo, de uma forma, por um fenómeno como diz o filosofo dinamarqês, "inesplicavél, e universsalmente constitutivo", a saber o amor ou o desejo, que é "neste mundo" que queres instanciar a posse das coisas, e não num mundo teu, num microcosmos pessoal, se bem que todas as relações entre ti e o mundo sejam elas tmabém um pequeno microcosmos. não me quero alongar, e já me embrenhei de mais nesta discussaõ mas espero ter sido claro e fecundo com este comentário Senhor Editor. bem haja. e reitero, é tão bom... mas sabe tão pouco!
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