quarta-feira, junho 08, 2005

Constituição Europeia

Alguém tem estado minimamente atento à situação actual da nossa Europa? Terão as pessoas noção da significação que o não francês e holandês à constituição tem? Por ora, ainda não sabemos exactamente de que forma se decidirá a posição portuguesa, se será ou não através de referendo. Mas entretanto, dos países que já se pronunciaram, já obtivemos 2 respostas negativas. O voto francês era minimamente esperado, embora estivesse previsto que fosse mais renhido... toda a gente apostava num 51/49. Afinal, 55% dos Franceses rejeitaram a constituição, o que foi um choque para a restante Europa, visto que em França toda a classe política dominante apoiava o Sim e a França, para além de membro fundador da União, tem sido ao longo da sua história o país culturalmente dominante, o mais europeísta e aquele que sempre fez de voz da União. Ao que parece, o não reflectiu muito mais uma rejeição do povo face à situação do país - descontentamento com a classe política, desconforto face à perda de hegemonia francesa na Europa, fraca situação económica com aumento do desemprego e medo da perda de regalias sociais - do que propriamente uma rejeição face ao tratado em si, que muito pouca gente leu. Algumas das principais críticas dos franceses ao tratado prendiam-se com o medo do sistema supostamente liberal de matriz anglo saxónica que ele sugere. Curioso como do outro lado da Europa, chegam críticas dos países de leste à mesma constituição, por a considerarem demasiado proteccionista e apologista de um estado demasiado grande... Entretanto, o não holandês, ainda mais esmagador que o francês (62%) veio certamente na senda do francês. Na holanda, também o povo aproveitou qualquer sufrágiozinho onde lhe fosse dada a oportunidade de votar para dar uma nega à classe política.

Mas que raio? Esta gente anda a dormir? E em que é que dar uma nega à classe política por problemas internos vai ajudar a Europa no seu conjunto a fortalecer-se? Enquanto nós não conseguimos afirmar a Europa como potência mundial, o poderio ideológico e militar dos Estados Unidos e a crescente afirmação económica da China riem-se nas nossas costas. Em vez de nos unirmos cada vez mais, assistimos ao renascer dos nacionalismos. Para onde fugiste tu, velho sonho de uma europa justa, democrática, laica e unida?