sexta-feira, abril 20, 2007

25 de Abril de 2007

Vou contar um pouco da história da minha vida… eu era um jovem que pensava em inscrever-me num partido político logo que entrasse para a faculdade. Pensei que assim poderia fazer a diferença e debater coisas com pessoas interessantes. Pouco tempo depois comecei a tomar contacto com membros das “J” de vários partidos e posso afirmar que vi tudo menos debate político.
A minha opinião em relação ao pessoal das “J” é muito clara: estamos perante um grupo de jovens, sem ideais políticos, que procuram arranjar um tacho para a sua vida pessoal. Depois, os partidos acabam por ser como clubes de futebol: podem não ter uma ideia de jeito, mas tudo o que sai do partido é defendido como a melhor coisa do mundo. Isto não é democracia partidária é apatia partidária… e penso ser isto que afasta pessoas da política.


A ideia, na minha opinião, quase incontestável de por o Ricardo Araújo Pereira a falar no 25 de Abril está a ser travada pela juventude comunista pelo simples facto de este se ter mostrado como partidário da ala renovadora do partido. Pois bem, no mesmo momento em que as pessoas tomaram conhecimento desta visão do partido por parte do RAP, durante a Grande Entrevista da RTP, também foi claro que não estamos perante um simples “gajo com piada”! O RAP mostrou nessa pequena conversa que é um “gajo” com umas leituras nada negligenciáveis e acaba por ser um bom exemplo para a juventude em Portugal.

Numa altura em que a maioria do jovens em Portugal não distinguem sequer o que é a esquerda e a direita política, e em que a memória do 25 de Abril se está a apagar como a memória daqueles que o viveram, ter a figura pública mais popular do país (entre os jovens) a discursar e a chamar a atenção para o que É o 25 de Abril não é uma opção é uma oportunidade.

Economia do Casamento

Existe uma coisa em Economia que é a chamada “Economia da Família”. Admito aqui que nunca li nada dos autores desta vertente, mas numa aula de História do Pensamento Económico o professor descreveu o que é isto.
Basicamente, há alguns economistas que se interrogam sobre o porquê de os humanos se organizarem em famílias. Dentro deste vasto campo de estudo está a problemática do Casamento.
A teoria do casamento descrita pelo professor é, para mim, uma das coisas mais racionais que já se disseram em Economia.
A teoria, grosso modo, diz que: “Os homens se casam porque comparam os custos de recorrer à prostituição com os custos de um casamento e, normalmente, o casamento fica mais barato”!

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segunda-feira, abril 16, 2007

O massacre de Virgínia

Por uma vez, para variar, um pouco de crítica social da minha parte no blog.

Desconcertante. 32 pessoas mortas na Universidade de Virgínia, nos Estados Unidos. Não se sabe muito sobre o "incidente", mas ao que parece foi tudo obra de um só homem. Após ter morto 31 pessoas e ferido mais umas dezenas, suicidou-se. Incrível.

Não é a primeira vez que acontece algo do género nos Estados Unidos. Toda a gente se lembra do massacre de Columbine, aqui há uns anos atrás, bem documentado por Michael Moore. Num registo um pouco diferente, também nos lembramos do atirador furtivo de Washington. Em suma, a cultura do medo e da violência não é novidade para ninguém nos Estados Unidos.

Ainda assim, sinceramente... é demasiado. 32 estudantes mortos numa universidade, suposto templo do saber e da fraternidade entre colegas?

Que tipo de sociedade consegue produzir um fenómeno assim? Terá tudo isto alguma relação com a crescente violência e número de atentados na desastrosa ocupação do Iraque, sempre mostrada e comentada até à exaustão pelos mass media?

Ou será que numa sociedade onde a pressão para a fama é tão grande e o anonimato das grandes massas tão opressor, há quem só consiga encontrar no crime de grandes proporções algo ao qual se agarrar para garantir a imortalidade do seu nome?

Horrível.

sábado, abril 14, 2007

O inesperado


Poucas sensações são tão estranhas como quando nos sentimos observados. Pode ser só um pequeno desconforto, ligeiro sinal de paranóia, como quando espreitamos por cima do ombro na rua para verificar se alguém nos segue, embora ninguém se encontre atrás de nós. Pode ser o desconforto do aluno que transpira ao saber que o professor o percorre minuciosamente com o olhar à procura de cábulas escondidas, e logo ele que nesse dia não conseguiu evitar os auxiliares de memória...

Ou pode ser a surpresa total, a vinda a público dum segredo que queríamos esconder. Quando aquela rajada de vento a 120 km/h vem e nos arranca o capachinho à frente das nossas amigas. Elas que sempre pensaram que a nossa cabeleira era farta e o nosso penteado único...

O inesperado provoca reacções curiosas. Não há plano que valha numa tal situação. Da parte de quem observa e de quem é observado, a surpresa é um tubo de ensaio antropológico onde podemos observar a mais variada gama de tonalidades na paleta das emoções humanas.

Arrancam-nos os calções na praia e ficamos nus diante de toda a gente. Podemos corar de vergonha, ou simplesmente partir a cabeça ao engraçadinho que o fez. A reacção ao inesperado é, naturalmente, epidérmica.

Mas de todas as reacções, a mais pura, a mais divina, é o espanto. L'émerveillement, dizem os francófonos. Normalmente, exprime-se pelo "uau" e reflecte a percepção de uma ruptura na ordem das coisas. "Isto não é suposto acontecer", é o pensamento que paira latente, em pano de fundo, enquanto abrimos a boca de admiração. É o mais bonito e, por isso, o mais raro.

Mas nem tudo é inocente. Também epidérmico, mas mais distanciado, é o riso. Só o sábio e o louco sabem rir. O sério, esse, nem sempre consegue tomar a distância necessária para rir do acontecimento. O riso é a auto-confiança, a segurança de si face ao absurdo do acontecimento, ao inesperado. Revela inteligência e audácia. Em contextos sociais onde o decoro é apropriado, quando confrontado com a revelação do interdito, o espectador sorri, sim, mas moderadamente. Pode até, num gesto delicado, esconder ligeiramente o seu sorriso, mostrando distância, mas gozo.

E afinal de contas, quem é que nunca se sentiu observado, mesmo sem saber porquê?