sexta-feira, novembro 18, 2005

A big bucket of nothing

Preciso de Verdade e de aspirina -- dizia o irmão Álvaro quando a gripe o atacava. Para mim, a doença é uma entidade ambígua. Quando era miúdo até nem me importava muito de estar doente. Uma constipaçãozita era sinónimo de dias de cama sem ter que me mexer, com a minha avó a levar-me torradas e chá à cama, enquanto eu passava o tempo a ler banda desenhada ou a ver televisão. Às vezes era tão bom (quando a doença não era grave) que até inventava doenças para poder ficar assim um dia em casa, sem ter que me ir chatear à escola. E assim fui crescendo, um puto mimado e irresponsável, na boa.

Hoje em dia já não é bem assim. Tornei-me tão estóico que até vou às aulas se estiver às portas da morte. Se fosse outro diria que me tornei responsável. Mas a doença continua a ser ambígua. Por um lado, não gosto de estar doente. Por outro, parece que ainda há uma reminiscência qualquer desses tempos em que doença era sinónimo de folga. E assim cá estou hoje em casa, sem aulas, engripado e sem conseguir fazer nada. Até tinha coisas para fazer, sei que tinha. Mas não consigo. Afecta-me uma inércia tal que nem os espirros justificam. Flutuo por aqui, sem saber bem o que estou a fazer. É que nem paciência para ficar na cama tenho. Acho-o estúpido -- mas continuo sem fazer nada. É que nada. Nem ler, nem saír de casa. Nada. Nada de positivo ou construtivo para a minha vida. Nada. Nem ter uma ideia, uma intuição qualquer. Nem sequer escrever. E é por isso que este post saiu tão mau.

segunda-feira, novembro 14, 2005

Confrontos Europeus

Os recentes confrontos que têm assolado a França e que aos poucos se têm espalhado pelo centro da Europa merecem alguma atenção para além daquilo que nos é dado ver através da comunicação social.
A reprovação da constituição Europeia já tinha dado o mote para o que hoje acontece na Europa. Existe um descontentamento generalizado que se prende com a aproximação das políticas económicas europeias a um modelo Liberal pouco tradicional no velho continente. O Sistema Social Europeu, de que a França e a Alemanha são os maiores expoentes, tem sido preterido para um sistema menos intervencionista. A crise que assola a Europa serve como desculpa para que, aos poucos, os direitos dos trabalhadores e de outros beneficiários de protecção social venham a ser delapidados.
Perante isto temos uma onda crescente de manifestações, mais ou menos ordeiras, que mostram o desagrado contra os governos e os governantes.
A violência que se começa agora a propagar pela Europa deve ser tomada em conta como um “grito” de que algo terá que mudar. Se o desagrado, que se tem mostrado mais forte nas classes desfavorecidas, passar para a classe média mais informada, poderemos estar perante uma Mudança (no sentido sociológico do termo).
Neste momento, espreita-se a necessidade de uma renovação do tipo de politica. O debate deve ser encorajado. Devemos ser nós (não governantes) a tomar as rédeas da política exprimindo as nossas opiniões!

terça-feira, novembro 08, 2005

Silêncio em riste

O silêncio é de ouro
Mas a sibilante é de prata.
Ainda não encontrei o meu tesouro
E a fome mata.

Se não existisse a palavra
O mal entendido morreria.
Assim o engano lavra,
Gela-nos a paralisia.

Cala-te pois, homem ufano.
A tua verborreia é a tua perdição.
Se não fosses mediano,

Seria digna de dó a tua lamentação.
Olha e Compreende. Luta e alcança!
No final, terá sido meritória a tua esperança.