quarta-feira, outubro 26, 2005

Está a ajuda internacional a facilitar o desenvolvimento?

A ajuda internacional é fundamental para muitos países do nosso planeta. Esta ajuda tem por vezes apenas uma função, a sobrevivência!
Uma ajuda superior ao grau de “sobrevivência”, deve significar um empurrão para o desenvolvimento?
Se aquilo que é canalizado para os países do “Sul” apenas permite que as mais básicas necessidades sejam atingidas, estamos a alimentar uma pobreza incontornável. Tal como no mundo dito desenvolvido, não se pode apenas fornecer um prato de sopa diário para permitir que uma pessoa consiga emprego, para os países em desenvolvimento são necessários mais meios que apenas os que permitem alimentar a população para que este possa crescer. É impensável para um cidadão europeu não ter acesso à educação, pois os países europeus precisam da formação de mão-de-obra para se poderem continuar a desenvolver. Da mesma forma, um país com um grande atraso no seu desenvolvimento precisa, para “convergir”, de um forte investimento em educação e cultura.
A colonização, as guerras civis e os regimes não democráticos destruíram as bases culturais da maioria dos países com um fraco nível de desenvolvimento. Estas bases culturais devem ser reconstruídas, e isso só é possível através de um sistema educativo eficaz. A formação técnica e cultural vai permitir a sustentabilidade do crescimento económico, viabilizando a existência de empresas das mais variadas dimensões, bem como o aumento da eficiência do estado.
É também importante e urgente formar as pessoas no sentido de aumentar a sua participação na vida politica e social. Informar realmente cada cidadão dos seus direitos e obrigações. Essa capacidade é essencial para atenuar o fosso que foi criado entre as elites politicas e o povo. Mesmo no mundo ocidental, a única forma de ter aspirações de trepar escalões sociais é através da educação, é lógico que o mesmo tipo de raciocínio deve ser feito para os países em desenvolvimento!

Perante tudo isto devemos olhar bem para nós, analisar as nossas etapas de desenvolvimento (localizando-as bem no seu tempo histórico) e ajudar de forma mais eficaz aqueles que procuram começar a desenvolver-se.

Se nós temos hoje uma educação que não nos permite ficar indiferentes aos países do Sul, porque não permitir que o Sul se eduque de forma a não ficar indiferente a ele próprio e ao resto do Mundo?!

terça-feira, outubro 18, 2005

Diferença de rendimentos

Numa sociedade desenvolvida o conceito de igualdade pode variar bastante, mas é mais ou menos consensual que o nível de rendimentos é um bom factor comparativo (dentro de um mesmo País).

Portugal é um país com grandes desequilíbrios na distribuição dos rendimentos. No nosso país, poucos têm muito e muitos têm muito pouco, o que significa que temos uma distribuição de rendimentos semelhante a um país de 3º Mundo. Este aspecto é por vezes esquecido pela elite politica que ao centro vai alternando o poder, tendo objectivos académicos (PIB, BP, SO…) como principal alvo de esforços. Os números que são exigidos pela EU, a redução do Défice Orçamental e o Crescimento do PIB são o fim último de qualquer politica. Esquece-se que por de traz dos números estão pessoas que de vivem em condições de pobreza inconcebíveis para um país dito Desenvolvido.

Esta “diferença de rendimentos” tem outros impactos a nível social. A pobreza, principalmente a relativa (comparada a situação do mais pobre com o mais rico), cria um desinteresse pela educação, provocado pela pressa de obter rendimentos por parte dos mais jovens; tanto para ajudar o seu agregado familiar, como para adquirir alguns bens reservados a classes mais favorecidas.
A fuga à educação obstrui a 1ª regra da democracia, que deveria pautar-se por dar educação suficiente ao Povo para que este possa tomar as suas decisões politicas em consciência. Como existe uma incapacidade de escolher por interpretações próprias, o Povo acaba por ser mais manipulável, e por ter um comportamento estatisticamente “normal” nas urnas. Perante um votante padrão acabamos por ter partidos padrão, que não oferecem propriamente alternativa uns aos outros, apenas nomes diferentes (diferentes em cada mandato, mas iguais ao longo do tempo).
Apenas para terminar o raciocínio devo dizer, que a falta de sentido crítico para a Politica também se reflecte (de forma mais clara por vezes) em todos os outros sectores da sociedade (ciência, arte, filosofia, etc.) criando uma estagnação no nosso desenvolvimento.

Pode claramente fazer-se mais por quem vive pior, desengane-se quem pensa que ajudar um pobre é um acto vazio, a ajuda tem contrapartidas para a sociedade em todos os sentidos: ganha a nossa cultura, a politica a arte, a segurança, o comercio… só continuamos a perder se ignorarmos os problemas reais que temos mesmo debaixo dos nossos narizes!!!

sábado, outubro 15, 2005

Relações Económicas

O acto mais básico da nossa sociedade deve ser: chagar junto de uma banca de jornais e comprar o jornal do dia! Pois bem, esta é também a mais básica forma de relações económicas. O que eu quero explorar neste post é justamente a relação entre os 2 indivíduos desta acção, que tende claramente a ser esquecida.

Ao comprar o jornal, toda a educação que os meus pais me passaram, a chamada cultura vigente, se transforma num natural “Bom Dia!” dirigido ao senhor da banca do jornal. Depois deste momento espero, também naturalmente, por uma expressão semelhante por parte do senhor (para facilitar o raciocínio vamos pensar que é a 1ªvez que estou a comprar o jornal nesta banca). Este momento é decisivo para o meu regresso ou não a este estabelecimento comercial, ou seja, se o meu bom dia não tiver correspondência, eu, automaticamente, perco qualquer motivação para voltar a comprar ali o meu jornal (faço aqui um apelo a que se exclua a hipótese de escolha por facilidade geográfica). Quer dizer que, a relação económica que eu terei com o vendedor no futuro, está a ser claramente influenciada pela relação social que estabelecemos agora. Antes de qualquer contacto económico, o contacto social é privilegiado. Quando depois disto eu peço o meu jornal, a transacção económica acontece em segundos, embora o tempo que eu tenha “perdido” na compra do jornal tenha sido de 5minutos.

É perigoso pensar que o contacto entre as pessoas é negligenciável. Tudo o que os seres humanos fazem implica contacto, e todos os contactos afectam todos os seres humanos.
Hoje em dia vivemos numa rede de relações económicas constantes que têm implicações a níveis impensáveis à não muito tempo atrás, mas muitas vezes esquecemos que essa rede de relações económicas é também de relações sociais, e que todas as implicações sociais da nossa vida afectam a nossa economia!

domingo, outubro 09, 2005

Virgem Suta

Querem ouvir algo de novo?

Então façam o favor de clicar em http://aqueleblog.blogspot.com e abrir a respectiva hiperligação. Dirijam-se à barra do lado direito e façam o favor de sacar as músicas da mais que provável banda revelação de 2006, Virgem Suta. O que lá se encontra é a primeira maquete, uma versão muito alfa dum projecto que promete muito. Saquem, ouçam, e passem a palavra. Fica reservada para mais tarde uma eventual apresentação da banda aqui no blog e/ou uma eventual entrevista com um dos seus membros.

(só publicito o referido blog de má fama, pertencente a amigos da banda, porque o site oficial da mesma ainda não está online. mas que não fiquem a pensar que eu me dou com essa gente do aqueleblog)

terça-feira, outubro 04, 2005

Decisões

Onde é que começa e onde é que acaba a doença mental? Ninguém gosta de ser enganado. Temos todos um extraordinário prendimento à verdade. O único problema é que os malucos parecem considerar ser verdade algo que a nós nos escapa. E é por isso que são malucos.

Não é muito difícil diagnosticar uma doença mental, ou pelo menos assim o parece. Conseguimos descortinar, através de gestos e comportamentos, a existência de supostas doenças mentais em alguns indivíduos. A míriade de doenças mentais existentes e conhecidas é muito numerosa, e os sintomas variam entre elas. No entanto, existem alguns lugares comuns através dos quais identificamos um maluco. O discurso tende a ser incoerente. O comportamento, estranho. No entanto, isto são classificações que fazemos segundo as nossas categorias, os nossos critérios. Os critérios da maioria.

É perturbante pensar que podemos estar enganados. No entanto, não podemos pura e simplesmente excluir liminarmente essa possibilidade. Acontece é que isto coloca problemas ao nível da consciência e da responsabilidade. Segundo a sensibilidade dominante da nossa época, só é responsável quem é consciente. Tendo a concordar com isto. Mas se as fronteiras da doença mental são difusas (e eu acredito que são) como conseguir saber quais são os casos em que o suposto afectado pode ser responsável pelas suas decisões?

Como toda a gente sabe, não podemos dar o ser a nós próprios. Essa tarefa cabe infelizmente aos nossos pais, ou a qualquer cientista que goste de brincar aos deuses. Mas podemos, isso sim, desfazê-lo. Não o nosso ser, obviamente. Mas pelo menos o nosso eu. Ponhamos de parte a hipótese cristã - ao que tudo indica, aquilo que eu conheço por Gonçalo Marcelo vai-se mesmo dissolver quando eu morrer. Portanto, não posso fazer-me nascer mas posso matar-me. E como eu, qualquer outra pessoa. Aos que decidem fazê-lo, não o posso condenar. Isto é... quando o fazem em consciência. Mas como saber?

Por outras palavras, se alguma pessoa a quem supostamente foi diagnosticada uma perturbação mental nos pede para a deixarmos morrer, o que devemos fazer?

Obrigado

É uma entidade estranha, o sonho. Por definição, é algo de intangível. É algo que nos escapa, mas que no entanto sentimos como nosso. Como o de mais nosso. Por vezes, tão nosso... que a nossa própria identidade projectada no futuro dele depende. Sonhamos com aquilo que achamos que merecemos. Sonhamos com a completude.

E é doce sonhar. Tão doce...

Mas é porque sonhamos que nos decepcionamos. Quando aquela tal identidade futura projectada pelo sonho cai (quando nos apercebemos que ele não se realiza) é como se o próprio mundo nos fugisse. A queda não costuma ser agradável. Quando caímos, desejamos nunca ter sonhado. Se tivéssemos ficado rasos ao chão, não teríamos caído. No entanto, uma vida constantemente presa à rasa mediocridade do chão, deve ser a pior vida de todas. No final de contas, quando passa a dor da queda, acabamos por olhar para trás e gostar de ter sonhado.

E assim, quero agradecer-te por me teres feito sonhar. Não foi voluntário, bem o sei. Mas valeu a pena. Agora que estamos mais afastados, por decisão minha, estou à vontade para sorrir pelo que aconteceu e não aconteceu... e sobretudo pela experiência do sonho. "O amor é tão ilusório que chega a redimir a existência". E redimiu. Por isso, obrigado. I say farewell...

Filosofia da Acção

Se não serve para ajudar a decidir o que é melhor, então para que serve a Filosofia? Bem, em príncipio... não tem que servir para nada. É a menos necessária, e por isso mesmo a melhor (porque não tem o seu fim em nada mais do que si própria) diz Aristóteles a respeito da metafísica. No entanto, a hipótese de uma sabedoria meramente contemplativa parece-me posta de parte. Não é que a contemplação não cause prazer. Oh, meu Deus (tu que és uma interjeição com maiúscula) se dá! Os momentos de discernimento intelectual supostamente desafectado são dos maiores prazeres que alguém pode ter. No entanto, será isso suficiente? Fará isso sentido?

Por vezes, queremos crer que sim. Caso não seja possível, então como legitimar a actividade desempenhada (e por vezes remunerada) por um dos maiores grupos de inúteis da sociedade? É que nós não sabemos fazer nada. Solução para isto? A Ética. Tenho um professor que ao falar do círculo hermenêutico, advogou que teoria e prática são dois campos distintos. Discernir eticamente (ou filosoficamente) sobre o bem não é o mesmo que agir bem. E discernir sobre o bem é necessário. No entanto, esse discernimento (bem como toda a teoria em geral) torna-se um luxo, algo de supérfluo se não se voltar à acção, aplicando-lhe aquilo que se aprendeu na teoria. Assim, a investigação faz sentido. Discernimos porque queremos agir bem. Discernimos porque queremos ser melhores. Valha-nos a ética. Se não for ela a solução, então parece-me que somos mesmo vegetais.

domingo, outubro 02, 2005

E se o Cavaco Silva não se candidatar?

A actualidade política portuguesa permite que, a uma semana das eleições autárquicas, sejam as presidenciais a abrir os jornais televisivos e a concentrar a opinião pública.
Analisando de forma humilde aquilo que se está a passar, é difícil encontrar lógica nas candidaturas até agora apresentadas. Todos os que se apresentaram como candidatos são indivíduos de Esquerda, e todos procuram derrotar o candidato da Direita. Posto isto, é importante referir que, 4 pessoas estão à espera de uma para que seja lógica a sua candidatura. E na maior parte dos casos essa lógica apenas pode existir se o candidato da Direita for o Professor Aníbal Cavaco Silva.
Se ilustres personalidades da vida politica nacional podem fazer suposições, eu também posso!!!

Vamos supor que o candidato da Direita é outro qualquer, sem força politica para derrotar qualquer dos candidatos da Esquerda. As candidaturas até agora anunciadas perderiam algum do sentido, mas ganhariam alento na eminência de qualquer uma delas poder realmente ganhar!

Agora coloquemos o Prof. Cavaco numa máquina de lavar, e tiramos de lá um socialista adepto da doutrina do Quelhas imediatamente após o 25 de Abril. O 5º candidato da esquerda eliminaria qualquer lógica a estas eleições, por isso é melhor não desenvolver muito o que penso sobre esta “hipótese”.

Por fim, vamos supor que o homem até se candidata, como tudo indica. Tudo passa a fazer sentido! O PS apoia Mário Soares, antigo vencedor de Cavaco, o resto da esquerda reage apresentando o melhor que têm, como alternativa a tudo o que Mário Soares não representa. Bem, depois temos o Manuel Alegre, tomando uma posição difícil em Portugal, avança sem qualquer apoio partidário. Outra candidatura de reacção a Cavaco, sem dúvida, mas esta é uma reacção de 2º grau, Procura combater Cavaco combatendo a incompetência do PS para apresentar um candidato realmente capaz.

Esperemos que um dia os candidatos à Presidência da Republica sejam pessoas de convicções que queiram dar mais ao país, e deixem de ser pessoas do “sistema” que signifiquem apenas mais uma vitória partidária!