domingo, junho 18, 2006

A corrida da minha vida

Correr é um dos meus passatempos favoritos. Não que eu corra muito (infelizmente a vida em Lisboa não é favorável a isso), mas quando vou correr consigo pensar bastante.

Pensar enquanto corro coloca-me duas dúvidas muito interessantes: seria preferível correr sem pensar ou pensar sem correr? (não que não pense quando não corro, mas noto mais que estou a pensar quando estou a correr).

Quando corro e penso, a corrida torna-se mais leve porque não penso que estou a correr. Por outro lado, pensar enquanto corro traz um novo peso a corrida: o peso da minha vida. Pensar enquanto corro envolve pensar em tudo e mais alguma coisa, principalmente no meu futuro! O problema é que o futuro é o pensamento mais pesado que posso ter. Quando penso no futuro volto a pensar na corrida, porque os efeitos da corrida fazem parte do meu futuro; penso no que comi antes de ir correr, e penso no que vou afazer depois de correr. Penso também em estudar, no tipo de emprego que quero ter, nas relações pessoais…

Dou-me conta que a corrida ideal seria uma corrida em que podia pensar em tudo, menos no futuro ou na corrida. A corrida ideal seria uma corrida em que não estaria a pensar, mas sim a sonhar.
Todos os pensamentos são pensamentos no futuro, os sonhos… são apenas sonhos…
Quem me dera que o futuro fosse como os meus sonhos! (mesmo que com isso me custasse mais a correr!)

domingo, junho 11, 2006

o que podemos esperar...

O que devemos esperar dos outros?
Quais são as obrigações das pessoas que nos são próximas?
Quais são as nossas obrigações para quem nos é próximo?

Esperar seja o que for de alguém é dar um passo no sentido de deteriorar a relação. Se eu quero algo de alguém devo, no mínimo, pedir! Ou então dar a entender o que pretendo; caso contrário posso não receber o que espero e desiludir-me.

As expectativas são decisivas numa relação: se não tiver qualquer tipo de expectativas em relação a alguém não tenho razões para cobrar nada, nem para me desiludir! Quanto mais espero, maior é a probabilidade de desilusão!

O que acontece regularmente é todos criarmos expectativas em relação a toda a gente, mas ninguém sabe o que os outros esperam de nós. Quando tomo uma atitude e que penso que vai agradar alguém que me é próximo, posso estar a actuar abaixo do esperado sendo o meu esforço desvalorizado.


Com isto fica a ideia… não esperem pela refeição no prato, sirvam-se!

Se querem ir “ver a bola” com alguém especial, não esperem pelo convite, convidem…!

quarta-feira, junho 07, 2006

Eu gostava de mudar o mundo, mas não posso, a única coisa que posso é tentar entende-lo um pouco melhor!!!

Olhos nos Olhos

Hoje em dia, com a internet e os telemoveis, ainda há alguém que fala “olhos nos olhos”? Há algum tipo de conversa que exija a presença no mesmo local de todos os intervenientes? Falar pessoalmente é uma desculpa para beber cerveja, ou beber cerveja é uma desculpa para falar pessoalmente?

Estas questões não me saem da cabeça! Cada vez me custa mais falar pessoalmente com quem quer que seja, dizem sempre: telefone amanhã; mande-me um e-mail a descrever a situação; logo combinamos um encontro por SMS...

Meus amigos isto tem que acabar!!! Quer dizer, os nossos avós engatavam com o olhar, nós (parvos como somos) temos que mandar 50 mensagens por dia, gastar 20€ em telemóvel por semana e passar centenas de horas no messeger!!! Um olhar... meus amigos... para que serve a tecnologia afinal??? Ainda pensam que é para facilitar???
Além disto há o desenvolvimento no “frente a frente”, aquela primeira conversa em que tens que mostrar o que vales e na qual descobres que és gago, não tens piada e que as meninas não gostam de arrotos!!!

Pior (sim, há uma parte pior) as meninas já não querem encontrar-se com os meninos! Já ninguém se encontra, não há tempo, não há vontade, não há... olhos nos olhos! Há aquilo que so acontece na net e há aquilo que só acontece a noite... mas aquele passeio romântico no parque das nações (ou no estádio universitário)... isso acabou!!! O romantismo está em crise e a culpa é das telecomunicações!!!

Os olhos... é dos teus olhos que me lembro melhor... dos olhos e daquele sinal que me ensinou o caminho para o primeiro beijo!!!


PS: A história da cerveja: beber cerveja é uma desculpa para falar pessoalmente!

domingo, junho 04, 2006

A figura do “Melhor Amigo”

O “melhor amigo” tem uma conotação que não acho correcta e passo a explicar porquê.
Antes de mais, “melhor amigo” é aquele que está sempre presente, que da apoio, que impede que faças merda, que segura na testa quando a noite foi “longa”… bla bla bla…

Tudo isto é mentira! Imaginem que Portugal chega à final do mundial e está 0-0 no minuto 90, nesse momento o Pauleta cai na área pelo efeito do vento e o árbitro marca penaltie… Digam-me lá se esse senhor (que pode até ser australiano) que nunca viram na vida não passa a ser o melhor amigo que já tiveram?

Para mim o melhor amigo é algo efémero… se precisar de apontamentos, o meu melhor amigo é quem tem esses apontamentos; se precisar de comer, a minha melhor amiga é a senhora da cantina que faz o favor de encher um pouco mais o meu prato, etc. É perfeitamente normal, em certas fazes da nossa vida termos melhores amigos sazonais: o melhor amigo das férias de verão e o melhor amigo da turma da escola podem não ser os mesmos! Os melhores amigos também mudam com as necessidades: em pequenos o melhor amigo é aquele que joga a bola contigo, na adolescência é aquele que começa a sair a noite e te apresenta amigas, a partir dos 20 qualquer gajo/a que te ature é o teu melhor amigo!

Não pensem com isto que desvalorizo a amizade, só quero dizer que ter amigos é bom, faz todo o sentido… agora “melhores amigos”… isso é para quem não tem amigos…

Eu tive nos últimos 2 ou 3 dias 2 ou 3 melhores amigos…
Porque será que quando penso nestas coisas chego sempre à conclusão que não tenho amigos???

quinta-feira, junho 01, 2006

Prós e Contras

A guerra “Carrilho contra a comunicação social” teve a sua mais interessante batalha no programa de debate da RTP: “Prós e Contras”. Raramente na televisão temos a oportunidade de contar com os verdadeiros protagonistas de uma polémica, mas segunda-feira 22 de Maio foi possível. Numa mesa estava Carrilho e Rangel, e denunciar o mau jornalismo e a culpar as “agências” de informação da derrota eleitoral a Lisboa. Na outra mesa Ricardo Costa (director da SIC Notícias atacado violentamente no livro de Carrilho) junto a Pacheco Pereira (também criticado na sua função de comentador politico) criticando o livro de Carrilho e colocando as culpas da derrota no seu protagonista.

O belo deste debate foi a força das argumentações e dos intervenientes. Carrilho, claramente o elemento mais fraco tinha a seu lado Rangel que procurou alertar, com razão, para o mau jornalismo e a falta de investigação de qualidade. Ricardo Costa, como conhecedor de assuntos políticos, esteve bastante forte na sua defesa (chegando a exaltar-se várias vezes devido as directas acusações de Carrilho). Pacheco Pereira, claramente respeitado pelos presentes fez uma análise sem interrupções do livro de carrilho, criticando a forma como foi colocado o problema, assumindo também o problema da informação no nosso país.

Na discussão: quem ganhou o debate? Eu diria que foi que viu! A democracia é algo parecido com o que ali se passou! Houve um alerta para as agências criadoras de notícias e potenciadoras de campanhas eleitorais. E uma mediatização de um livro que será com certeza um fenómeno de vendas que afastará o Prof. Carrilho das salas de aula por mais alguns anos!

A minha posição em relação ao caso Carrilho é simples: Quando um Homem tem que se justificar não querendo assumir as culpas é porque não está preparado a desempenhar um cargo! Carrilho atribui a outros a responsabilidade da derrota, será que em caso de vitória as agências seriam “uma vantagem para a democracia?”.

Assumir um cargo público é uma responsabilidade demasiado grande, apenas os mais “capazes” o deveriam fazer! Um dos grandes problemas do nosso país é que, por questões partidárias, os lugares públicos vão parar as mãos erradas… temos claramente que pensar melhor antes de votar, e, acima de tudo, se nos sentirmos capazes colocar-nos em posição de elegíveis!

Temos que participar mais nas decisões politicas!