quinta-feira, fevereiro 24, 2005

avacalhámos isto

ok, foi aberto um precedente. ok, foi aberto um precedente muuuuuuito grande. Pois bem, abriram as hostilidades! É faz o que quiseres, não é? Então vá, afundemo-nos na nossa insanidade. DAAAAAAAAAAAAAAAAADAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA

(que se note que o blog teve mais de 1 semana de existência a tentar ser sério e racional)

O que é o amor realmente?

Por falta de interesse em relação ao tempo em que vivo, vou falar de algo intemporal, o amor!

O amor é a maior prova de egoísmo do ser humano, no amor, aquilo que menos importa é tudo o que não somos nos!

O amor entre duas pessoas duas pessoas apenas existe na ausência de todo o contacto entre elas.
O amor é o afastamento de almas gémeas que se procuram eternamente sem se tocarem!
O amor é a vontade que o coração tem de sofrer de insatisfação!
O amor não é humano, por isso livre-se qualquer ser humano de tentar amar!
O amor é um objectivo que se espera nunca alcançar porque ao faze-lo deixaria de existir!
O amor é a insatisfação permanente que nos faz procurar dentro de nós vida para poder continuar a tentar satisfazer-nos!
O amor é a cegueira do corpo que nos faz transportar as sensações directamente para a alma!
O amor é a brisa que temos que enfrentar no caminho da vida, e que nos impede de parar sob a pena de deixar de a sentir!

sábado, fevereiro 19, 2005

A tensão essencial

No seguimento do meu último post, apetece-me continuar a falar de egoísmo. Kuhn que me perdoe o roubo do título deste breve escrito! Até onde vão os limites do nosso egoísmo? Se é certo que decidir livremente sobre as nossas vidas é um direito que nos assiste numa democracia moderna (e ainda que não o fosse, este bloguista nunca deixaria de afirmar a máxima de Rabelais citada no Manifesto tira-nódoas), a pergunta é... quando é que se torna um dever olhar para os outros? E quem são os outros? Onde é que acaba a nossa Polis? Com quem é que, efectivamente, nos devemos preocupar? Não sei se acontece o mesmo com os caros internautas leitores deste post mas, quanto a mim, sinto frequentemente uma tensão que advém do conflito de preocupações. Refiro-me aqui especificamente à tensão entre o social e o privado, entre as preocupações a que ingenuamente poderemos chamar alheias e aquelas que são mesmo as preocupações do meu foro pessoal. Ou seja... penso nos problemas dos pobres e indigentes a nível mundial, no genocídio do Darfur, nas asneiras do Santana Lopes ou então penso no que fazer para conquistar a rapariga de quem gosto, na minha escova de dentes que vai ficando usada ou em bater no carteiro do meu prédio que continua a pôr publicidade na minha caixa de correio, apesar de eu já lhe ter pedido insistentemente para não o fazer? Sendo certo que é-me quase inevitável viver em função do desejo (não sou budista) e que é-me também por isso quase inevitável descurar estas últimas preocupações mais "pessoais", a questão é... do primeiro grupo de possíveis preocupações enunciadas (política nacional e internacional) quais é que me deverão ser tão essenciais como as mais importantes das minhas preocupações pessoais? Já aqui referi, no meu último post, que considero a forma de egoísmo quase isolacionista como sendo extremamente negativa. Não devemos estar totalmente desatentos aos problemas da nossa comunidade mas... qual é a nossa comunidade? Quão abrangente é ela? Para alguém que viva numa aldeia quase isolada de Trás-os-Montes, provavelmente que a sua comunidade será essa aldeia. Muitas vezes a comunidade é determinada pela tribo, ou pela raça. Nem todos os caucasianos se sentirão como pertencendo a uma comunidade caucasiana (com exclusão, por motivos lógicos, de todos os não-caucasianos) mas, também existem os que sentem que a sua comunidade é precisamente essa. Esse sentimento de identidade pode ser sentido em relação a um bairro, uma cidade ou um país (existente ou com pretensões de existência futura). Actualmente (e confesso que se me inscrever nalguma das hipóteses apresentadas, é nesta) acontece a muitos europeus em relação à Europa... e muitos cosmopolitas (deduzo que a etimologia queira dizer que são aqueles que fazem do kosmos a sua polis) consideram que a sua comunidade é o mundo inteiro. Basta passarem pela cidade universitária para espiarem a formulação antiga de cidadão do mundo nas paredes do Metro. Todo o tipo de semelhanças são utilizadas para legitimar uma pretensa comunidade: clube de futebol, tipo de música, etc. Obviamente que, quando os sentimentos de pertença, de identificação e de coesão e solidariedade de grupo são fortes, o indivíduo preocupa-se evidentemente com os problemas da sua comunidade como se eles fossem exclusivamente seus. Assim sendo, uma pergunta final... até que ponto é que nos devemos abandonar ao cumprimento dessas causas? Valerá a pena acabarmos por descurar a nossa vida mais "privada" em prol dos problemas da comunidade? (Oops, foram 2 perguntas finais... e agora vai outra). Resumindo e concluindo: Em que ponto se deve estabelecer este equilibrio frágil entre preocupações e motivações para a acção? Agradecia que me ajudassem, lançando alguma luz nas muitas questões que aqui coloquei. I'll be waiting :)

quinta-feira, fevereiro 17, 2005

Do you "know how"?

A produtividade é um dos temas em debate neste momento no nosso país. Fala-se em choque tecnológico, choque de gestão… mas esquece-se que a única forma de aumentar a produtividade é através de melhor educação. O tão falado "know how", não é mais que a formação dos quadros das empresas.
Para melhorar a tecnologia de um país, temos que incentivar a pesquisa e a discussão, permitir a quem quer investigar condições não só físicas, mas também intelectuais. Deve existir contacto entre académicos para se corrigirem e trabalharem juntos, mesmo pensando de forma diferente. Para a formação de melhores gestores deve haver uma troca constante de informação entre alunos e professores, deve existir um contacto com a realidade internacional, e um contacto, ao longo de toda a formação, com a realidade portuguesa. Os alunos, universitários e não só, devem ter um papel activo nas comunidades em que estão inseridos. Devem fazer trabalhos e dar a sua opinião sobre o estado das coisas, de forma a serem desde cedo reconhecidos pela comunidade e pelo mercado de trabalho. O contacto com a realidade motiva quem estuda a desenvolver opiniões sobre as coisas, podendo lançar discussões interessantes que ajudem a desenvolver o ambiente que os rodeia. Saber para que serve aquilo que aprendemos na escola estimula o desenvolvimento de um espírito crítico.
Se querem maior produtividade, antes têm de querer e criar espíritos capazes!

quarta-feira, fevereiro 16, 2005

Envolvimento Activo. Valerá a pena?

Que vivemos numa sociedade extremamente egoísta, não duvido. Se isso é mau, não sei. Que haja alternativas... tenho sérias dúvidas. Cada um de nós é o centro do seu mundo e tudo aquilo por que nos interessamos é obviamente feito em função do nosso interesse, daquilo que é melhor para nós. Se o comportamento que assumimos envolve acções que visem o bem estar alheio (aquilo a que chamamos altruísmo) elas são obviamente motivadas por aquilo que é um interesse nosso: o sentimento de bem estar. Posto isto, resta saber que forma de egoísmo escolher; e há que escolhê-la sensatamente! Afinal de contas, o que é que é melhor para nós?
É que uma das formas de instanciação mais comuns do egoísmo contemporâneo é uma atitude... estúpida, de seu nome isolamento. Um isolamento que não é extremo, pois que nenhum homem é uma ilha, mas um isolamento que prescreve a quem o adopta um conjunto de comportamentos que visam aquilo que aparentemente é o mais confortável no momento imediato. Ou seja, uma certa alienação cívica. Costuma-se dizer que a nossa geração sofre do problema de nunca ter tido que lidar com nenhum problema grave, nenhum problema sério. Que nunca tivemos guerras nem grandes depressões que nos preocupassem seriamente e que por isso muitos de nós se dispersaram em pequenas pseudo causas, desesperados à procura de algo pelo qual pudéssemos lutar. Talvez isto seja a verdade, mas a situação, tal como se me afigura... é a contrária. Parece-me que essa falta de preocupação séria nos levou a comportarmo-nos como se efectivamente valesse pouco a pena estarmos preocupados com algo mais do que o grupo restrito em que vivemos. Parece-me que o cidadão médio tem poucas preocupações para lá do seu emprego-família-grupo-de-amigos. Isto até pode ser uma decisão legítima, e é-o efectivamente! Mas será mesmo isto o melhor? Não terá a pessoa que faz isto as vistas um pouco curtas? Então não existem grandes questões do nosso tempo? (Para os meus amigos da philosophia perennis concedo: existem questão (quase) intemporais. Mas não são as únicas.) Terá o termo engagé perdido todo o seu significado? Incomoda-me esta indiferença, e penso que a longo prazo poderá ter consequências terríveis. Já acordávamos!

Ser pobre...

Ser pobre é querer o que outros têm,
Ser pobre é não viver realmente;
Ser pobre é ser sem se sentir ser,
Ser pobre é tentar tudo eternamente.

Ser pobre é não pensar…
Porque pensar não é para quem é pobre!

terça-feira, fevereiro 15, 2005

“O amor é uma conspiração capitalista de floristas gananciosos”.

Ontem, dia 14 de Fevereiro, foi um daqueles dias em que temos que comprar um presente para provar que os nossos sentimentos são verdadeiros. Como este dia temos vários ao longo do ano, todos eles nos obrigam a apelar ao consumismo e a tentar comprar o presente mais caro para que quem o vai receber veja o tamanho (custo) do sentimento. Não será isso comprar, ao mesmo tempo que compramos o presente, os sentimentos de quem o vai receber? Não estaremos a adulterar os verdadeiros sentimentos? Valerá a pena suster uma ligação baseada apenas em provas compradas no centro comercial? Para mim, nada disso vale a pena. Vale a pena estar perto, vale a pena dizer o que se sente, mas não vale a pena apenas fazer isso em determinadas datas através de um objecto sem significado comprado porque está na moda.
Esta situação faz com que sejamos cada vez mais parecidos uns com os outros. Temos todos o mesmo dia dos namorados, o mesmo dia de natal… e as outras datazinhas em que sabemos que, sem presente estaríamos a incumprir uma norma essencial ao funcionamento da nossa sociedade. Esta padronização da forma como conduzimos as nossas relações, faz com que passemos também a sentir rodos da mesma forma, algo que devia ser tão pessoal como apropria vida. Estes automatismos fazem de nos pequenos bonecos consumistas que já não se conseguem exprimir sem abrir a carteira!

Compromisso Portugal

Se se juntam alguns dos mais bem sucedidos empresários de um país para falar de política, o que é que qualquer pessoa pensa? Lá estão eles a tentar criar um lobby para ver como é que conseguem retirar o peso do estado na economia. Então, quando esses mesmos empresários se põem a avaliar os programas dos dois maiores partidos é obvio que, por maior imparcialidade que queiram ter, vão favorecer aquele que seja economicamente mais liberal. Os 43% do peso do estado na economia que o programa do PS apresenta, são um fardo demasiado grande para o sector privado, que com a sua imparcialidade vai avaliar como positivo que o PSD apresente apenas 40% (embora admita que as medidas apontadas para o fazer são insuficientes).
É interessante pensar a politica, mas penso que se nos identificamos com uma das opções não nos devemos rotular como imparciais!

Pim!

Como é que Almada Negreiros matava o Dantas no seu manifesto? Era com um Pim!, não era? Pois bem, Pim! Há algo de expressivamente furioso nesta onomatopeia: embora simples, tem força. Exprime todo o absurdo de um puro e simples desejo de aniquilação, de liquidificação barulhenta e purgatória da personificação de todos os ódios. Sim, no caso do Almada, era o Dantas. Mas aqui, pode muito bem vir a ser você meu amigo! Brindá-lo-emos com um Pim! sempre que se portar mal, que me diz? Vai ver que não doi nada...
Aliás, começo já por dar o exemplo, e atribuo-me um Pim!, pela simples parvoíce de me ter lembrado de escrever sobre isto!
(oops, I've been Pim!ed...)

segunda-feira, fevereiro 14, 2005

Que ganhe o melhor

Durante o último mês tenho reflectido bastante sobre qual seria a melhor estratégia para ganhar estas eleições. A única conclusão a que cheguei foi que, agora mais que em qualquer outro momento da democracia portuguesa, seria o melhor partido, o partido mais positivo na sua campanha, aquele que iria ganhar. Como é o melhor partido?
A resposta a esta pergunta é simples: o melhor partido é aquele que apresente as soluções mais realistas e viaveis para resolver os problemas do nosso país. Conhecendo as propostas de cada partido, fácilmente seria possível tomar uma decisão. Ou, por outro lado, no limite, seria tão difícil que teriamos que fazer uma interessante ginastica democrática para discernir qual deles seria o melhor, sempre com a certeza de que seriamos bem governados. Mas a situação é um pouco mais complexa. O nosso país, neste momento, revela uma enorme crise na imaginação, na capacidade de criação e de desenvolvimento intelectual e isto afecta a nossa política. Os responsáveis partidários não têm ideias, os grandes gestores têm medo de governar, os investigadores não oferecem opções e o povo não participa nem exige muito daqueles que o fazem. Nestas condições é difícil encontrar um partido melhor que o outro. A falta de opções deveria criar em nós um sentimento de revolta e um desejo de participação, mas isso é impedido por um "brinquedo mental" colocado a nossa disposição para intreter as nossas cabeças que é a crítica gratuita entre candidatos. Este facto entra em nossas casas como algo natural, preenchendo todas as nossa necessidades democráticas e impedindo-nos de pensar.
Seria simples ser o melhor com tão poucas exigências para isso, mas o nosso único interesse é que os outros não sejam melhores do que nós, mesmo que para isso tenhamos que ser os mais mesquinhos.
Posto isto, que ganhe o melhor.

domingo, fevereiro 13, 2005

A Americanização do debate político e as dificuldades de uma Democracia

Aproveite-se a primeira nódoa lançada a debate pelo meu colega bloguista: os ataques ad hominem constantemente utilizados pelos políticos cá do burgo, no contexto da campanha eleitoral para as legislativas de 20 de Fevereiro. Admito a minha parcial falta de atenção em relação a tudo o que se tem feito na campanha. Se quisesse falar com cunho de verdadeira seriedade sobre isto, teria que acompanhar a campanha avidamente e todos os dias. Mas isso não impede que tenha visto algumas coisas que me desagradaram; focá-las e tentar discernir o que elas implicam será o objectivo deste post.
Aquilo que me parece mais desagradável é sem dúvida a campanha do PSD: desde outdoors a anúncios televisivos, a mensagem mais forte que se consegue passar é: o PS não presta. Eles fugiram, eles são maus. Vêem-se cartazes com a cara do engenheiro José Sócrates e presumíveis companheiros de governo a preto e branco com fundo colorido, acompanhadas de mensagens pouco abonatórias, vêem-se anúncios a a ridicularizar o PS e o BE e, acima de tudo, lançam-se boatos. Até que ponto é que esta última actividade está directa ou indirectamente ligada ao PSD, é impossível de aferir. Eu certamente não o sei, e tudo o que sugerir será pura especulação... mas a hipótese que eu avento, e que é nada menos que óbvia (enquanto hipótese explicativa) é muito simples... pretende-se utilizar uma estratégia extremamente em voga nos EUA... denegrir de forma mais ou menos encoberta o partido contrário, colocando o enfoque da campanha numa tentativa de derrubar o adversário. É extremamente simples: se não ganharem eles, ganhamos nós. Como eles estão à partida numa melhor posição para vencer e se todos jogarem limpo eles acabarão por ganhar... vamos mas é não nos içarmos a nós e antes rebaixá-los a eles... assim pode ser que mantendo-nos nós neste nível de mediocridade ganhemos, se conseguirmos pintar neles uma imagem ainda mais baixa que a nossa!
Em abono da verdade, nos E.U.A. não é preciso um partido pensar que tem menos hipóteses do que o outro de vencer as eleições para que incorra neste tipo de jogo, ele tem acontecido de forma regular nos últimos tempos. Não pretendo transpôr para aqui uma visão maníqueista, mas, uma vez mais, lá como cá, quem começou a jogar este jogo foi a direita. Ao longo dos últimos anos, os Republicanos, sob a tutela de Karl Rove (não, não creio que ele seja Darth Vader, mas também não é propriamente um rapaz simpático) tornaram-se exímios na arte de espalhar boatos. Utilizam-se todos os tipos de estratégias sórdidas. Um exemplo: telefonam para a casa de eleitores dos chamados "swing states" e fazem perguntas do género "Se você soubesse que o mr. blablabla (candidato democrata) era alcoólico, teria maior ou menor probabilidade de votar nele?" Ou seja, não se afirma directamente nada sobre o candidato em questão, mas insinua-se de forma sub-reptícia a possibilidade de tal ser um facto e acaba por se transparecer essa imagem pouco favorável do candidato adversário. Este é apenas um dos exemplos mais refinados, mas de facto vê-se de tudo, desde padres incentivados a fazer proselitismo nas igrejas e a passarem a mensagem de que se os democratas ganharem o Inferno subirá à Terra até aos anúncios de televisão mais infames. É claro que os Republicanos não estão sozinhos nisto... há muito jogo sujo também por parte dos Democratas, que aliás o ano passado fizeram tudo por tudo para estarem equilibrados no jogo sujo (o que conseguiram) e mesmo assim perderam a eleição. Talvez isto nos devesse ensinar alguma coisa sobre os frutos desta estratégia...
Mas se há alguma coisa que notamos claramente neste jogo é que os partidos políticos raramente estão sozinhos nisto, contando sempre com a ajuda de simpatizantes dos mais diversos quadrantes da sociedade. Assim, os liberais lançaram inúmeros ataques a Bush através de uma associação de independentes chamada MoveOn.org, enquanto os Republicanos contaram, entre muitas outras, com a ajuda de uma associação de veteranos da guerra do Vietnam chamada Swift Boat Veterans for Truth (espero não me ter enganado no nome) para denegrir a imagem de herói de guerra atribuída a Kerry. Tudo isto é lá (como provavelmente também o é cá) um intrincado jogo de lobbies em que o sector assumidamente político e a sociedade civil se imiscuem e interpenetram, criando um clima de hostilidade aberta entre os campos adversários.
A propósito do que se vai passando na presente campanha, vi no outro dia um programa na TV, desses noticiários que agora convidam políticos a toda a hora do dia, um debate entre dirigentes de PS e PSD (não vou fornecer nomes, perdoem-me a imprecisão, mas não chego para tudo) em que o representante do PS se mostrava indignado com os outdoors da JSD e o representante do PSD lhe respondia dizendo algo do género "então mas você não vê o que se passa lá fora? são estas as regras da democracia... então agora querem ter uma democracia e não querem jogar pelas regras da mesma?"
Era precisamente a este ponto que queria chegar. A democracia americana é sem dúvida uma das mais fortes e vitais de todo o mundo, foi exemplar para as outras e representa um sonho de liberdade que contagiou o mundo. Mas será que, por isso, devemos considerar que todos os exemplos que de lá nos chegam são positivos e devem ser imitados? Não será que deveríamos estabelecer para nós próprios um filtro que aproveitasse o positivo enquanto rejeita o negativo? O que acabamos por ver que se passa lá é que cada partido mostra estar (ou pelo menos, finge estar) ofendido com os ataques do outro e faz pedidos incessantes para que se "eleve o tom", sem com isso começar por dar o exemplo, abdicando ele próprio de se envolver em sórdidos ataques. Tudo isto me faz lembrar a malograda experiência da nossa I República, onde os debates parlamentares eram grandes lavagens de roupa suja e cujo tom polémico e jactancioso acabou por conduzir à desgraça da ditadura! Nos EUA já se começa a verificar um certo desgaste da sociedade perante este tipo de atitude, e alguns cidadãos menos extremistas protestam contra ela. Seremos nós mais espertos se nos envolvermos no mesmo processo, ou se pura e simplesmente o rejeitarmos?
Na minha opinião (que feliz ou infelizmente, não é nada original) a Democracia não é o sistema perfeito, é apenas o melhorzinho que conseguimos arranjar até agora, e deve ser mantido a todo o custo até que se consiga encontrar algo que se esteja pronto a receber que possa eventualmente ser melhor. Mas face a experiências passadas (e porque a humanidade devia tentar ao máximo aprender com os erros que vai cometendo) conseguimos facilmente chegar à conclusão que por agora, nenhum melhor sistema político conseguimos arranjar. A democracia é o melhor garante das liberdades individuais tão necessárias a uma satisfação particular que mantém a totalidade da população minimamente coesa. Mas o problema é que, precisamente pelas liberdades concedidas, este é um sistema político extremamente volátil. Muito facilmente pode explodir e degenerar em retrocessos que não seriam positivos para ninguém, excepto para o conjunto selecto que atingisse o poder. É uma frágil e fina flor, a nossa democracia. Tentemos não levantar um pé de vento demasiado grande (hey, um pouco de polémica nunca fez mal, mantém-nos acordados, mas há limites!) e tentemos não abrir caminhos que não nos serão positivos. Tentemos trabalhar e fazer disto um lugar melhor! Impôr-se aos outros não por valor próprio mas através de um atentado mesquinho é um extremo sinal de pusilanimidade...

O estado das coisas

Bem, para tirar nódoas é preciso saber e definir o que elas são. As nódoas são, no contexto deste blog, todas as actividades "infelizes" que têm como consequência impedir-nos de pensar de alguma forma. O maior exemplo disso, estando nós em plena campanha eleitoral, são as constantes críticas pessoais de que tanto se fala. Mas... como é que este tipo de crítica nos pode impedir de pensar? É simples... Uma campanha eleitoral deve servir para expor aos possíveis eleitores os programas e ideias de cada partido, se isso acontecer ambos serão objecto de reflexão e de debate. Por outro lado, se a situação for aquela pela qual estamos a passar, as nossas atenções estarão viradas para a aparência dos candidatos, o que fará de nós espectadores não pensantes da actividade politica. Como vivemos num "Estado de direito democrático,baseado na soberania popular"(CRP), o momento de eleições é crucial para a forma como irão ser conduzidos os destinos do nosso país. Daí que, sendo impedidos de pensar, estamos a ser negligentes em relação as nossas próprias vidas.
É a luta contra isso que alimentará a minha participação neste blog, a luta por tirar "nódoas"!

FEBC

Manifesto tira-nódoas

"Discordo do que dizeis, mas defenderei até à morte o vosso direito a dizê-lo." Poucas expressões sintetizarão como esta (atribuída a Voltaire) o espírito de tolerância à liberdade crítica que achamos fundamental a uma sociedade livre e que durante tanto tempo não existiu. Mesmo em países "civilizados", como aquele grupo de países ocidentais no qual o nosso cantinho se enquadra, e mesmo depois de direitos tão fundamentais terem sido a custo conquistados, temos assistido com preocupação ao perigo de que a situação resvale para um retrocesso.
O nosso objectivo com este blog é fundar um espaço aberto de crítica, onde os autores exporão livremente as suas opiniões sobre tudo aquilo que lhes apetecer! Da crítica séria à simples tirada humorística, viveremos sobre o signo de um "Faz o que quiseres" à boa maneira de Rabelais e olhem, quem sabe... pode ser que até escrevamos alguma coisa de jeito. Mantenham-se atentos...